Esse não é um artigo sobre números. Até porque existem pessoas que estiveram em muito mais lugares em muito menos tempo. Eu mesma conheci um desses, um cara que foi nuns 60 países em um ano ou pouco mais que isso (sim, tenta fazer o mesmo!). Os números são basicamente porque eles são verdadeiros, e eu gostei da composição de 30, 4 e 34. E também porque as pessoas gostam de artigos com números, listas, ordem de fatos, isso facilita a leitura – a deixa mais rápida, mas desculpe: não é sobre números.
No entanto, esse texto está relacionado a alguns números. Desde o início do ano passado já estava com medo de 2017. Primeiro, porque isso fecharia a terceira década em que eu estou vivendo nesta Terra. Talvez, quem tem mais de 6 ou 7 décadas neste planeta pode olhar para mim e dizer: “Hum, criança”. Por outro lado, para aqueles que vivem sua 4 ª ou 5 ª década, é de se esperar que, quando você alcança 3×10, você já tenha um carro, uma casa, um cônjuge, uma carreira ascendente e talvez um filho (apenas um se você é moderno). Quem não foi criado pensando assim, certo?
Eu também tinha pensado que antes dos 30 eu teria um carro, um emprego estável, uma casa, um cônjuge (sem filhos) e talvez estivesse dando continuidade a uma carreira… mas não fiz isso. Por outro lado, fiz coisas que pensei que iria levar toda a minha vida para fazê-las, e fiz mas que imaginei que conseguiria.
Com certeza eu quero ter minha família. Não necesssariamente uma carreira, mas trabalhar com o que eu gosto e no que acredito. Ainda oro pelo que está por vir, por aquele com quem vou compartilhar tudo isso, e ser parte de suas conquistas também. No entanto, estou profundamente agradecida pelo passado.

Nunca pensei que iria viver por 2 anos no Oriente Médio antes de viver em qualquer outro lugar além do meu país de origem! O Líbano foi definitivamente um dos melhores anos da minha vida até agora. Algumas das pessoas mais incríveis que conheço, conheci lá. Uma terra com uma comida maravilhosa e paisagens inspiradoras. Onde comecei a aprender uma segunda língua e lidar com um monte de diferenças. É também o vizinho do mais terrível conflito moderno (na Síria). Um dos primeiros países a sentir os efeitos desta guerra sem sentido entre as partes que nem elas mesmas sabem quem são. As experiências e os conhecimentos oferecidos a mim lá, me fizeram perceber o quanto eu ainda não sei, e me permitiram descobrir com o que quero trabalhar.
Durante esse tempo, tive a oportunidade de imergir na cultura do Oriente Médio visitando países como Emirados Árabes Unidos, Egito, Marrocos, Jordânia, Israel, Palestina, todas as esquinas que eu poderia no Líbano. Turquia, que está na Europa, mas também é árabe. Falando em Europa, Chipre estava tão perto que era impossível não ir para lá. Irlanda, Suíça, Grécia, Itália e o Vaticano visitei um ano antes de mudar para o Líbano, mas ainda pude retornar a lugares como Inglaterra, França, EUA e até mesmo visitar o meu próprio país, Brasil.

O Sudeste Asiático foi um presente dado a mim duas vezes: primeiro como uma viagem, mais tarde como um lugar para viver. Um ano e meio na Tailândia foi difícil e fácil, sujo e limpo, feio e surpreendentemente belo, pobre e rico; nojento e delicioso; Me senti abandonada ao mesmo tempo em que era atraída por experiências únicas. Pessoas dos meus sonhos eu pude encontrar lá, também especiarias e cheiros envolvendo uma vista belíssima. Esportes que eu sempre quis praticar, e que eu simplesmente podia fazê-lo a qualquer momento. Tradições e religiões que consegui entender e respeitar mais. Rostos e traços que fazem das diferenças a parte mais bela de ser um humano. Animais e natureza que não me deixam questionar a existência de Deus.
Vietnã, Camboja, Sri Lanka, Laos, Malásia, Cingapura, Indonésia, quantas praias você consegue ir na Tailândia, Coréia do Sul, China, Hong Kong, Mianmar e não importa o quanto você atravesse a Ásia, sempre há um novo lugar para descobrir e ser descoberto. Uma comida para provar, um traje a vestir, pessoas para se encontrar e você mesmo a ser revelado.
Como a Ásia está longe da América do Sul, e no caminho para as Terras de Tupiniquim (Brasil), a Europa me chamou de volta. E a parte mais agradável de ser um voluntário/missionário/mochileiro, sem carro, sem casa, sem um emprego estável, é que você sempre tem um amigo em qualquer canto do mundo. Finlândia, Áustria, Alemanha e até mesmo o Luxemburgo foram viagens com um gosto de reencontro – rever bons amigos foi emocionante. Portugal foi apenas uma paragem, e terei que voltar lá… provavelmente a qualquer momento.
Eu tinha o sonho de ir a pelo menos um país em cada continente até morrer, já que nunca tinha saído da região centro-sudeste do Brasil até os 25. Mas em quatro anos tive a oportunidade de passar por 34 países, mas ainda não em todos os continentes, o que significa que ainda há muito a explorar e continuar.
Nunca pensei que eu iria encontrar o tipo de pessoas que sempre sonhei encontrar e lugares tão mágicos. Nunca achei que eu iria comer comidas tão diferentes e gostar delas. Nunca imaginei que sobreviveria a tantas situações difíceis que não escolhi passar, nem que me apaixonaria e choraria tanto por tão pouco. Não sabia que todos os meus anos no Brasil antes de sair foram um presente! Que sou tão abençoada por ter os amigos e a família que tenho. Haverá sempre um lugar para voltar, e pessoas para trazer comigo.
Ainda não alcancei coisas importantes que pensava que teria quando chegasse a esta idade, mas comecei a viver muitas outras coisas que nem imaginava que poderia viver. Tenho aprendido a amar para viver e viver o amor. Bem-vindos os próximos anos.
Allana Ferreira